Cerca de duas ou três semanas atrás, dois tipos de campanhas de engenharia social explorando a Covid-19 começaram a ser feitas no exterior. Como você já deve saber, golpes desse gênero são centrados principalmente em e-mails (o phishing tradicional), mas usam também outras formas para tentar atingir os usuários, como SMS, redes sociais e comunicadores instantâneos como o WhatsApp.

Uma dessas campanhas envolve a tentativa de distribuição de um mapa que copia o criado pela Universidade Johns Hopkins, um centro de excelência médica nos EUA, que faz o acompanhamento do número de ocorrências, mortes e recuperações em todo o mundo. No caso, o phishing tenta convencer o usuário a instalar um aplicativo que traz embarcado um malware que permite a execução remota de códigos.

As outras campanhas são menos avançadas e tentam induzir o usuário a ceder seus dados através de diversos estratagemas, como notificar sobre os casos ocorridos em sua região, avisar que algum conhecido está doente e por aí vai.

Cibercriminosos e o coronavírus

Diferente de outros países, em que agentes situados no exterior são a principal origem dos ataques de cibercrime, no Brasil 60% dos ataques são feitos por agentes nacionais. Ou seja, por pessoas que têm muito mais afinidade cultural que estrangeiros. Que sabem como mexer com a cabeça do usuário nacional.

Sem fazer nenhum tipo de juízo de valor e usando o que aconteceu outros países, em breve os nervos do brasileiro vão estar a flor da pele. A carga emocional de ter amigos e parentes afetados pela doença irá inevitavelmente nos abalar e fragilizar nossa inteligência emocional, o que em última instância nos torna mais propensos a atitudes impensadas.

O que devemos, então, observar?

Os três elementos básicos do phishing são:

  • Origem falsa, personificando alguma autoridade (Ministério da Saúde) ou algum amigo, mas utilizando apenas o prenome, ou um nome genérico;
  • Uma mensagem que assuste e gere senso de urgência;
  • Uma chamada à ação, em forma de pedido, dica ou ordem (“clique aqui”, “veja no link”, “baixe o app”, “preencha este formulário agora”).

E-mails que tenham estas três características devem ser lidos com calma e desconfiança.

Veja: a possibilidade de você receber uma comunicação oficial por e-mail tende a zero. Mesmo por WhatsApp ou SMS, é muito baixa. Mas digamos que isto aconteça e você fique na dúvida.

A melhor maneira de proceder é a seguinte:

  • Se for anônima, ignore sem pensar duas vezes;
  • Se não for, não clique em nenhum link, eles podem ser facilmente falseados (um “i” maiúsculo passa facilmente por “l” minúsculo em um momento de desatenção, por exemplo);
  • Entre no site e nas redes sociais da entidade que supostamente lhe enviou a mensagem e veja se lá tem algo a respeito do assunto;
  • Se não encontrou nada nas redes, faça uma busca pelo texto em algum buscador (entre aspas) e use o nome do órgão.

Se não encontrar nada, desconsidere.

Desconfie de todo e qualquer software que não seja ligado ou promovido por alguma entidade bem reputada. A maneira mais fácil de fazer esta filtragem é não instalar nada que você receba; sempre procure o programa para depois instalá-lo.

Para se manter em dia e informado sobre a Covid-19

Quer se manter informado a respeito do coronavirus? Procure veículos conhecidos e órgãos de governo. Novamente, não clique em links recebidos por e-mails: digite o endereço no navegador ou utilize um buscador.

Seguem abaixo algumas dicas de onde você pode procurar informações:

  • O Ministério da Saúde lançou o aplicativo Coronavirus-SUS para iOS e Android. No aplicativo, você pode informar seu estado de saúde, localizar facilmente postos de atendimento próximos a você e ter acesso a dicas e notícias.
  • Acesse o site da Secretaria de Saúde de seu estado para informações locais.
  • O Globo tem um hotsite aberto.
  • O jornal O Estado de São Paulo tem informações aqui.
  • A Folha de S.Paulo também está com conteúdo aberto aqui.

O biólogo, virologista e divulgador científico Átila Iamarino está publicando vídeos com explicações muito elucidativas a respeito do vírus e repercutindo as ações do Ministério da Saúde em seu canal de YouTube, no Instagram. Tem também um canal no Telegram, além, claro, do Twitter.

Mapas e infográficos confiáveis do novo coronavírus

O Ministério da Saúde agrupou dados oficiais sobre o novo coronavírus neste site.

O mapa da Johns Hopkins, que citei acima, dá uma visão global muito boa. O Bing também tem um mapa, mais simples e leve.

E, finalmente, recomendo uma olhada nesta página do Washington Post. Não precisa nem entender inglês: role a página e veja como funciona a dinâmica da contaminação em quatro cenários diferentes: 1) sem isolamento; 2) com o rompimento de quarentena; 3) com o distanciamento social (em que apenas 25% da população continua circulando); e 4) com o distanciamento social mais agressivo (apenas 12,5% da população circulando).

Se você ainda tinha alguma dúvida, os gráficos ajudarão a entender por que medidas de isolamento estão sendo adotadas em todo o mundo.

Fonte: http://bit.ly/2Wn2OfA